O filme de hoje é “Negação” (Denial, no original), dirigido por Mick Jackson, com Rachel Weisz, Tom Wilkinson, Timothy Spall e Andrew Scott. Disponível no Netflix.
Livros relacionados: "Negação: uma história real" (Deborah E. Lipstadt)
Sinopse: Trata-se de uma história real, na qual uma conceituada historiadora (“Deborah E. Lipstadt”) escreve um livro criticando a negação do holocausto e é atacada pelo autointitulado historiador David Irving, por ela criticado e que prega que o holocausto não existiu. Por incrível que pareça, Irving entra com um processo de difamação contra Deborah, daí surgindo uma disputa judicial com repercussão mundial, destacando-se a inversão do ônus da prova no ordenamento jurídico britânico (cabe ao acusado provar a sua inocência). Vale muito a pena observar o trabalho e dedicação dos advogados, sobretudo porque a memória de milhões de pessoas brutalmente assassinadas está em jogo.
Por que recomendo? Estamos vivendo um momento triste, de “negacionismo” em todas as áreas, a era da pós-verdade, na qual as pessoas ignoram a realidade e simplesmente afirmam ser verdade aquilo que elas gostariam que fosse ou acreditam que deveria ser a verdade. Vê-se isso nessa fase de pandemia em que vivemos, onde os preceitos científicos estão sendo ignorados por muitos em prol de achismos, correntes de whatsapp ou ilações de pessoas sem qualificação técnica. Vê-se também no campo do Direito, onde livros como “esquematizados”, “descomplicados”, “resumos”, ou seja, livros não-científicos, são os mais vendidos. Na literatura também, pois livros como “seja foda”, “arte do foda-se”, “me poupe” são rotulados por muitos como melhores e são mais vendidos que Orwell, Machado de Assis, Dostoiévski, García Marquez, dentre outros. Na música, igualmente, deu-se tal importância ao subjetivismo que muitos passaram a dizer que “música boa é a que eu gosto”, legitimando atrocidades como “Gustavo Lima é melhor que Beethoven, porque vende mais e é mais divertido”.
Estamos em um momento no qual o subjetivismo é quem determina tudo, perdeu-se o parâmetro do bom. E isso é preocupante, pois moralmente (e também juridicamente) perdeu-se o parâmetro do correto. É a era do solipsismo. Em outro momento, recomendarei livros sobre o tema.
Bom filme!
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